Carnaval para quem?
Por mais
incrível que possa parecer, a festa mais popular do pais, não inclui toda a
população brasileira. O carnaval, mesmo sendo acompanhado por toda a nação
brasileira, reforça o sentimento de exclusão em uma parcela da população.
Apesar da seca
que assola o povo Potiguar por seguidos anos, o estado do Rio grande do Norte, oferece
festa de carnaval em mais de trinta municípios este ano. São Miguel do
Gostoso/RN, situado no litoral norte do estado, um dos poucos municípios onde o
semi-árido encontra a praia, e também o terceiro destino turístico do RN
atualmente. E um dos municípios Potiguares que oferece festa de carnaval para
sua população e turistas. Festa animada e com muito pouca violência; de
programação agradável para quem quer curtir o carnaval e descansar ao mesmo
tempo. Os quatro dias de festejos carnavalescos são oferecidos gratuitamente a
toda a população na praia da xepa (principal praia), onde bandas locais e da
região fazem a alegria dos participantes.
No entanto, os
50% (cinqüenta por cento) da população que reside na zona rural, em sua quase
totalidade, não acompanham os festejos. Não por escolha, e sim, por falta de
opção. Esta parte da população e condenada a acompanhar pela TV todo este
período de festas. Mesmo sendo gratuita a comemoração aqui no município, a
população rural esta a 10, 20, 30 ou 40 km de distancia do centro da cidade,
onde acontecem os festejos. E a situação financeira das famílias exclui-as da
festa, seja por falta de condições de transporte, seja por falta de condições
de festejar a festa. Falo de um município do litoral Potiguar que tem festa de
carnaval gratuita. Agora, imagine você, como será o carnaval dos agricultores
familiares que residem no interior de municípios que nem comemoração carnavalesca
oferece? E se sentir um brasileiro não brasileiro; e se sentir, fora da sociedade;
totalmente a margem; so resta encher a cara de cachaça, pelos menos assim, por
algum instante, terá a sensação de ser rico poderoso e carnavalesco.
Se a camada
mais pobre da população não consegue chegar aos festejos carnavalescos, os
festejos deveriam vir ate estes excluídos. Mas, infelizmente, não vem. Um
dia... quem sabe... sera diferente!
Jubenick Pereira