As autoridades europeias informaram que três inseticidas há muito suspeitos
de contribuir para a queda acentuada das populações de abelhas representam risco
para os insetos, e defenderam que esses produtos
químicos sejam submetidos a um exame mais detalhado.
A descoberta dos
cientistas da Autoridade Europeia de Segurança
dos Alimentos (EFSA, nas iniciais em inglês) insufla ainda mais uma
discussão que se acirrou nos últimos anos na América do Norte e na Europa sobre
a causa das mortes em massa nas colônias de abelhas, das quais os agricultores
dependem para polinizar suas plantações. E poderá elevar as pressões sobre os
órgãos reguladores americanos, que analisam atualmente os efeitos ambientais dos
produtos químicos, em favor de sua retirada do lucrativo mercado americano.
A reportagem é de Matthew Dalton e Michael Haddon, publicada pelo The Wall Street Journal e reproduzida pelo jornal Valor, 18-01-2013.
A reportagem é de Matthew Dalton e Michael Haddon, publicada pelo The Wall Street Journal e reproduzida pelo jornal Valor, 18-01-2013.
França,
Alemanha, Itália e outros países europeus já proibiram ou suspenderam o uso de
determinados inseticidas, conhecidos como neonicotinoides, que, segundo
argumentam muitos agricultores e cientistas, são a causa principal da queda das
populações de abelhas comuns. A indústria de pesticidas e outros cientistas
dizem que as doenças e as mudanças ambientais é quem são os
responsáveis.
A avaliação de risco, publicada anteontem, afirmava que
três neonicotinoides - a clotianidina e o imidaclopride, fabricados
principalmente pela Bayer, e o tiametoxam, produzido pela
Syngenta - representam riscos para as abelhas por meio da
presença de resíduos de terra e pesticida contaminados no néctar e no pólen. O
órgão europeu vê "alto e grave risco" para as abelhas na forma pela qual os três
inseticidas são aplicados a cereais, algodão, canola, milho e
girassol.
Sua análise "propôs uma avaliação de risco muito mais
abrangente para o caso das abelhas e introduziu, além disso, um nível mais alto
de atenção na interpretação dos estudos de campo", disse a
EFSA. Mas a agência observou que não há dados para concluir que
os inseticidas contribuem para o colapso das colônias de abelhas.
A
Comissão Europeia, o braço executivo da União Europeia (UE),
solicitará novas informações das fabricantes dos produtos químicos, disse um
porta-voz da comissão. A UE está preparada para tomar "as medidas necessárias"
se novos estudos revelarem a existência de ameaça definitiva imposta pelos
produtos químicos às populações de abelhas, acrescentou.
Um alto
executivo da Syngenta criticou o estudo. "Fica evidente para
nós que a EFSA sofreu pressão política para produzir uma
avaliação de risco apressada e imprópria, que ela mesma reconhece conter alto
nível de incerteza", disse John Atkin, diretor operacional da
Syngenta. "Este relatório não é digno da EFSA e seus cientistas".
A
EFSA não respondeu a uma solicitação por seus
comentários.
A Bayer diz que sustenta os dados
anteriores apresentados aos órgãos reguladores, que demonstravam que os produtos
químicos não causam danos às abelhas se usados da maneira pela qual foram
aprovados na Europa. "Consideramos que os novos relatórios da EFSA não alteram a
qualidade e a validade dessas avaliações de risco e os estudos subjacentes",
disse a companhia química alemã.
O Departamento de Proteção Ambiental
dos Estados Unidos (EPA), que regulamenta o uso de pesticida, diz
desconhecer dados que demonstrem que os neonicotinoides tenham contribuído para
o colapso das colônias de abelhas. Pesquisadores do Departamento de Agricultura
americano examinam a questão, mas dizem não ter encontrado prova que relacione
pesticidas às mortes de abelhas.
A EPA rejeitou
solicitações emergenciais de ambientalistas de que uma série de neonicotinoides
seja retirada do mercado. Mas, em resposta à pressão pública, acelerou a análise
periódica de segurança de produtos químicos para verificar a necessidade da
adoção de restrições adicionais a seu uso.
Os grupos ambientais dizem que
a EPA está se movimentando com excessiva lentidão e cogitam mover uma ação
judicial para obrigar o órgão a agir. "A EPA tem um enorme problema de
conformidade", disse Jay Feldman, diretor-executivo do grupo
antipesticidas Beyond Pesticides. A EPA não comentou de
imediato o assunto.
Nos EUA os neonicotinoides substituíram pesticidas
considerados mais perigosos, gradualmente retirados do mercado
americano.
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